sexta-feira, 15 de abril de 2011

Educadores denunciam superlotação de alunos no Cintra

Professores do Centro Integrado do Rio Anil, o Cintra, a maior escola da rede estadual de ensino do Maranhão, denunciaram que a escola funciona com superlotação de alunos. “O pior problema que enfrentamos hoje no Cintra são as salas superlotadas, com mais de 50 alunos”, denunciou a professora Maria José Sales, que leciona na escola há 17 anos e está em greve por melhorias na educação e valorização do educador. Junto com outros trabalhadores, a professora foi impedida de entrar na escola, durante ato público dos educadores realizado em frente ao prédio, na manhã desta sexta-feira (15).

A quantidade máxima de aluno por sala de aula, permitida pelo Conselho Estadual de Educação do Maranhão é de 35 alunos. “Acima disso é considerada superlotação e isso é ruim para o trabalho do educador e para a aprendizagem do aluno”, desabafa a professora. Opinião compartilhada por todos os outros educadores do Cintra, presentes no ato público.

Além da superlotação, os professores do Cintra denunciam as péssimas estruturas físicas da escola. É um prédio histórico, de arquitetura tradicional, mas as salas de aula foram divididas por um assoalho de madeira para abrigar um maior número de alunos.
O Cintra possui atualmente cerca de 8.500 alunos, uma capacidade dobrada, segundo os professores, com a adaptação das salas. “Foi construído um andar de madeira, dividindo as salas. O barulho atrapalha a concentração dos alunos e do professor, diante das condições em que funcionam as turmas superlotadas”, denuncia a professora.

No interior do estado, a situação das escolas estaduais não é diferente. O professor Dickson Garcia, que é diretor do sindicato e atua em Viana, denuncia a precariedade no ensino da rede estadual, na região, onde tem, por exemplo, “professor de química dando aula de geografia”.

No ato público, uma comissão de professores tentou entrar na escola com o intuito de conversar com os outros professores, que retornaram às suas atividades, sob pressão e ameaças de demissão por parte da gerência. Um dos coordenadores da escola ainda saiu para conversar com os professores, mas disse que não podia permitir a entrada por conta de um documento que proíbe o acesso dos professores que estão em greve às dependências do prédio.
“Os professores que retornaram às salas de aula no Cintra estão sob coação, amedrontados com a campanha de exoneração do governo, porém são apenas ameaças. Já fizemos greve por mais de cem dias e nunca aconteceram exonerações, porque não há base legal para que isso aconteça. Somos servidores públicos, concursados. Se houvesse demissão, entraríamos no mesmo dia com ação para derrubar essa decisão, por que seria um ato sem amparo legal”, explicou o professor Marcelo Pinto, que também leciona no Cintra há vários anos e participa do movimento grevista.
O professor também desmentiu o discurso do governo de que a greve foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF): “É mais uma mentira do governo, pois em nenhum momento os ministros do Supremo julgaram o mérito da ação contra a ilegalidade da greve, impetrada pelo SINPROESEMMA. Foi uma decisão isolada de um ministro do STF e por isso cabe recurso, para que o pedido seja julgado por todos os ministros do Supremo, medida já tomada pelo sindicato, que aguarda resultado”.
Júlio Guterres, diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (SINPROESEMMA), reforçou dizendo que o professor é um servidor público, com amplo direito de defesa, portanto não existe exoneração sumária, como os gestores ameaçam: “Elementos que roubam o erário público não são exonerados, imaginem o professor que presta um grande serviço à sociedade que é a educação”. Além disso, o diretor explica que com relação ao corte de ponto e aos descontos, haverá reposição das aulas e o dinheiro terá que ser devolvido. Portanto, não há o que temer.
“A governadora usa os instrumentos mais baixos para intimidar os trabalhadores. É a nata da ditadura tentando reprimir um movimento justo e legal, impedindo os trabalhadores de se manifestar. Essa greve está incomodando bastante e é por isso que eles agem assim, por que têm medo da nossa força” disse o presidente do SINPROESEMMA, Júlio Pinheiro.


Policiamento


“Os professores não puderam entrar no Cintra, mas polícia pode. Escola é lugar de professor e aluno e não de polícia”, protestou o professor Carlos Campelo, se referindo à presença de policiais no interior e em frente à escola, convocados pela direção do Cintra, como forma de intimidação da categoria.

Postura também criticada pela professora Janice Nery, que lamentou o fato de o governo do Estado ocupar a polícia com os professores e enquanto isso deixar a comunidade desassistida, com insegurança. “Hoje, com a presença dos professores, a polícia está aqui, mas em outros dias, sem policiamento, os alunos são constantemente assaltados nas ruas que dão acesso ao Cintra”, denunciou o professor Marcelo Pinto. No ato dos educadores, havia duas viaturas, com quatro policiais, outros dois no interior da escola e mais dois integrantes do GEAPE.





Policiais dentro do Cintra

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